A mitologia germânica acredita que chegará um dia em que tudo findará, tanto para os homens quanto para os deuses, este dia é chamado de Ragnarök, que significa “o destino dos deuses” e não “o crepúsculo dos deuses”, como ficou popularmente conhecido devido a música de Wagner. O fim do mundo será precedido pela era do machado e da espada. As armas serão empunhadas e destruídas; seguirão então a era do vento e a era do lobo antes da destruição inevitável do Ragnarök. Surgirá Fimbulvetr, um inverno tríplice, que despejará neve dos quatro cantos do céu, durante este período o sol não mostrará sua face e não trará sua alegria para a terra e seus habitantes. Outros três anos de inverno se seguirão sem que o verão apareça para aliviar seus rigores. Miðgarðr (Midgard) estará em guerra durante este tempo. E pai e filho lutarão um contra o outro, irmãos participarão de atos incestuosos, as mães abandonarão seus maridos e seduzirão seus próprios filhos, enquanto irmãos destroçam os corações um do outro. Neste período de guerra a própria terra ficará assustada e tremerá, montanhas e árvores tombarão, o mar sairá de seu leito, o céu se abrirá e as estrelas cairão, e os homens morrerão em grande número.
Os monstros se libertarão de suas amarras e a caçada irá começar. Fenrir se livrará de sua corrente e correrá pelo mundo arrastando suas mandíbulas pela terra e pelos céus. Jörmungandr, a serpente de Miðgarðr, se levantará e fará com que as águas inundem as costas, e expelirá seu veneno mortal em torno do mundo. No norte o navio Naglfar será solto de suas correntes. Loki escapará de sua prisão e se juntará aos inimigos dos deuses, liderando os filhos de Hel, navegando em um navio junto de uma tripulação de gigantes. No sul, os filhos de Muspellheimr serão liderados por Surt, o seu guardião, rodeados por chamas, irromperão pela ponte Bifröst que se romperá sob os cascos dos cavalos, e após a queda se dirigirão para Vigrid, o campo de batalha, onde aparecerão também Fenrir, a serpente de Miðgarðr, Loki e os seguidores de Hel bem como os Gigantes de Gelo.
Um homem e uma mulher buscarão abrigo sob os galhos de Yggdrasill, e estarão tremendo com os sons da guerra, assim como a terra. Heimdallr soará sua trombeta, Gjallar, que se fará ouvir nos Nove Mundos, alertando aos deuses e heróis do perigo. Óðinn (Odin) montará Sleipnir e irá consultar a cabeça de Mímir, a fim de se aconselhar sobre a ação a ser tomada, então chefiará os deuses para a batalha, onde atacará Fenrir e sucumbirá nas suas mandíbulas e será tragado por elas, mas será vingado por Víðar (Vidar), seu filho, que esmagará a mandíbula de Fenrir pisando-a com seu sapato, feito de pedaços de couro oferecidos aos deuses, então arrancará a mandíbula superior do lobo. Þórr (Thor) lutará bravamente com Jörmungandr e a matará, mas será sufocado pelo veneno expelido pela serpente moribunda. Týr, o deus da Guerra, lutará contra Garm, o cão de caça de Hel. Loki e Heimdallr se enfrentarão e serão mortos um pelo outro. Freyr, uma vez que entregou sua espada ao seu mensageiro Skinir, enfrentará Surt, e será morto por este. Então o guardião de Muspellheimr incendiará o Universo, e os nove mundos se tornarão um inferno ardente. Todos os deuses, desde os Æsir até os Vanir sucumbirão, bem como os habitantes dos reinos que jazem sob o grande Freixo. O universo será consumido pelas chamas, a terra afundada nos mares, e o tempo deixará de existir.
Porém, haverá um novo começo, a terra emergirá dos mares, os filhos dos Æsir e Vanir sobreviverão ao Ragnarök e se encontrarão em conselho na planície Ida, onde antes havia Ásgarðr (Asgard). Lá estarão Víðar e Vali, os filhos de Óðinn, e os filhos de Þórr, Magni e Modi, que herdarão o Mjöllnir, seu martelo mágico. O amado deus Baldr e seu irmão Hödr retornarão de Hel e se unirão aos outros, enquanto Hœnir predirá o que irá acontecer ao novo mundo. Os filho de Bor, Vili (Hœnir) será um dos sobreviventes, e governará o novo panteão dos deuses germânicos. Os deuses novos regentes reunirão e relembrarão as memórias do Ragnarök. Tesouros, que antes foram dos Æsir, serão encontrados nas planícies e serão admirados com surpresa. Gimlé alojará os deuses mais uma vez, em paz e generosidade.
Entretanto o bem e mal não deixarão de existir, em Niflheimr haverá uma região chamada Nastrond, a costa dos mortos. O dragão Níðhöggr (Nidhog) sobreviverá à destruição, e continuará roendo os corpos dos mortos. O homem e a mulher que buscaram abrigo sob Yggdrasill serão chamados de Liff e Liffþrasir (Liffthrassir), e se alimentarão com gotas do orvalho de Yggdrasill, e darão à luz a muitos filhos, que repovoarão a terra. Do grande Freixo novos raios de luz virão dos céus, de uma filha parida por Roðull (Rodull), antes do lobo engoli-la em seu crepúsculo no Ragnarök. A nova terra será fértil e produzirá seus frutos em abundância sem necessidade de esforço, trabalho ou preocupação. Embora o Cristianismo não seja mencionado, este conto implica a emergência de uma nova fé triunfante para uma humanidade recriada. É um drama de morte e ressurreição.
Referências Bibliográficas:
HOLLANDER, Lee M. (1928) The Poetic Edda, Texas University Press.
JACOBSEN, Bent Chr. ONP: A Dictionary of Old Norse Prose, página da web, endereço eletrônico: http://www.onp.hum.ku.dk/webmenue.htm
Lysator (1996-2003) Edda Sæmundar - in icelandic, In:_______Project Runeberg, página da web, endereço eletrônico: http://www.lysator.liu.se/runeberg/eddais/index2.html
_______ (1995-2003) Eddan. De nordiska guda- och hjältesångerna, In:_______Project Runeberg, página da web, endereço eletrônico: http://www.lysator.liu.se/runeberg/eddan/
STURLUSON, Snorri. (1993) Edda em prosa: textos da Mitologia Nórdica de Snorri Sturluson, tradução, apresentação e notas de Marcelo Magalhães Lima, Rio de Janeiro, Numen Editora. ISBN 85-7260-002-7
Fonte: http://valholl.hostmach.com.br/mitos_ragnarok.htm
Postado por Alessandro Basso
quarta-feira, 9 de maio de 2007
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